quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A luta de um caboclo - Oitava semana

Durante a realização desta empreita ele conheceu e contratou um rapaz por nome João Maia e que acabou se transformando em um grande companheiro não só pelo fato de se tornarem parceiros de cantoria mas, também porque este lhe apresentou sua cunhada, uma moça chamada Gertrudes, filha do casal Gabriel e Benedita Paniago. A relação de trabalho dos dois rapazes foi se tornando cada vez mais próxima e, pela amizade surgida, em determinado momento o João Maia convidou o Juca para cortejar sua cunha o que foi aceito por Juca de bom grado. Naquela época, ser convidado para se casar em uma família era uma verdadeira honra e, sabendo muito bem disso, Juca passou a cortejar aquela que viria a ser sua primeira esposa. Tudo estava correndo muito bem e com pouco tempo de namoro o que havia começado como um convite de um amigo se transformou em amor e eles acabaram marcando a data do casamento. Após o termino daquela empreita, e já com os preparativos do casamento em pleno andamento, meu pai voltou até a casa de seus pais já que sua mãe havia mandado recados para ele cobrando uma visita. O recado foi levado por seu próprio pai e por isso quando ele partiu em direção ao Jurigue já não havia mais a preocupação com as reações de seu pai. Sendo assim ao passar por Alto Araguaia, Juca fez uma parada em uma loja para comprar um tecido para sua mãe fazer uma roupa para ela e também algumas caixas de balas. A viagem continuou por mais dois ou três dias e quanto mais ele se aproximava da casa de seus pais, mais forte seu coração batia, afinal já faziam alguns anos que ele havia saído dali e voltar era no mínimo bom. Quando ele já estava a poucos quilômetros da casa ele e seu companheiro de viagem, seu pai, sacaram os revolveres e começaram a atirar para o alto numa espécie de saudação comum naquela época. Seus irmãos perceberam que aquela saudação vinha de alguém que trazia no peito muita saudade e concluíram que se tratava do retorno de Juca que a algum tempo precisou ir embora. Certos disso pegaram suas arma e responderam a saudação dando tiros para o alto. Minha avó Dª Rita, saiu apressada em direção a estrada afim de receber o filho por quem ela tanto tinha chorado de saudades. A chegada não podia ser melhor ele foi muito bem recebido por todos pois, trazia consigo alguns dos símbolos de independência dos rapazes da época; um revolver 38 da marca Shimit, um bom cavalo bem arreado e algum dinheiro no bolso. Antes de chegar em casa durante a viagem a sua preocupação não era com a forma como seria recebido, mas com a possibilidade de seu pai não levar em consideração a independência que ele havia conquistado e que por nada perderia. Ele sabia que se seu pai resolvesse criar algum problema, dificilmente ele manteria aquela conquista pois, de forma nenhuma um filho ousaria desobedecer o Sr Leopoldino. Se o fizesse com certeza sofreria as conseqüências. Sobre esse assunto conta-se que em certa época um de seus irmão, o tio Antônio, caiu na besteira de tentar a desobediência e fugiu de casa numa madrugada. Quando meu avo ficou sabendo do fato, montou em um cavalo e saiu a caça do fugitivo alcançando-o apenas dois ou três dias depois. Por coincidência neste dia alguém estava indo de carro de boi em direção a sua casa e meu avo não teve duvidas, pediu uma carona amarrando o tio Antônio pelas pernas e cuidando para que ele não fugisse. Ao chegar em casa deu-lhe um bom corretivo e disse a ele: Você vai trabalhar para mim mais um ano e depois disso eu mesmo vou lhe dar um cavalo arreado e ai sim você poderá ser dono de seu nariz! Quando isso aconteceu o tio Antonio já tinha sua maioridade, fato sem importancia no pensamento de seu pai.
Desta forma era compreensível a preocupação de Juca porem, logo que chegou ele percebeu que as coisas não estavam muito tranqüilas naquelas bandas. Alguns vizinhos da familia estavam criando problemas para meus avós, o que impedia que meu avo se preocupasse com a liberdade conquistada por Juca. Ele indagou sobre os motivos e logo ficou sabendo que era por inveja ao grande numero de benfeitorias na terra de meu avo e quer haviam sido conseguidas a cada ano que passava. Meu avo era homem muito trabalhador e todos os anos tocava muita roça, abrindo com rapidez suas terras. O fato de ter muitos filhos e também de sempre ter peões a seu serviço lhe trazia certa vantagem, e assim em pouco tempo sua fazenda já estava bem formada e com muito desenvolvimento. Com inveja de suas realizações e sem ter como fazer tanto quanto ele conseguia, esses vizinhos passaram a criar todo tipo de dificuldades do tipo provocações e insultos, chegando até mesmo a conseguir mandato de prisão para meu avo e seu filho mais velho o tio João, acusando-os de invasão de terras na construção de uma cerca de divisa. Nesta época a policia foi mandada ate a casa de meu avo para cumprir o tal mandato de prisão e coincidentemente chegou na fazenda no dia em que eles realizavam um baile...

Olá

Aqui estou eu novamente depois de alguns dias trabalhando em excesso... como sempre.
Vou tentar não faltar com as postagens novamente.

Um abraço a todos(as)

Ilto