sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Luta de um caboclo - Quarta semana

Essa labuta lhe rendeu muita correria no mato atrás de porco desembestado, exigiu muita paciência com porco que afrouxava e lhe trouxe muita solidão. O caminho que eles utilizaram podia ser feito totalmente nu sem a menor preocupação de cometer atentado ao pudor. Ali não passava uma viva alma o dia todo. E depois de trinta longos dias nessa verdadeira batalha, finalmente eles chegaram ao local onde meu avo havia adquirido as terras. Apesar do cansaço que todos estavam sentindo, eles tinham uma fazenda para montar e uma roça que meu avô e meu pai haviam feito alguns meses antes e que precisava ser tocada. Por isso não tinham tempo a perder e a rotina do trabalho de sol-a-sol voltou novamente.
Alguns anos se passaram e a tarefa inicial de montagem da fazenda ia sendo realizada por etapas. A falta de estudos não era impedimento para o aprendizado. O pouco conhecimento que tinha de matemática e português aliados a sua sede de conhecimento, foi o bastante para que ele aprendesse o oficio da carpintaria e com poucos anos ele já sabia fazer quase tudo na profissão. Na carpintaria, você precisa aprender e se treinar nos trabalhos básicos como: cortar com o serrote aparando madeira; usar a enxó para realizar alguma lavragem e algum acabamento; aparar com um gurpião a madeira que ainda está em toras, você também precisa saber usar um esquadro ou um compasso para riscar e marcar antecipadamente onde cortar a madeira; ou utilizar uma plaina para dar acabamento ou para desbaste da madeira. Alem de tudo isso, você precisa principalmente, avazar e afiar estas ferramentas para que elas façam sempre um corte macio e linear. De posse destes conhecimentos, o desenvolvimento profissional depende muito mais da esperteza do que de ensinamentos de terceiros. Para meu pai aprender nunca foi problema já que tudo que ele queria da vida era exatamente ter esta chance.
De volta à minha realidade, mais alguns quilômetros haviam se passado e agora estávamos chegando ao Cacho, um restaurante que fica no entroncamento para Mirassol D oeste na BR – 174 que liga Cuiabá – MT a Porto Velho – RO. Ali eu já me sentia um pouco cansado e resolvi descer para descansar um pouco. Fiquei ali fora do ônibus por algum tempo mas sem vontade de conversar com as pessoas, achei que cinco minutos de espera já estavam demasiadamente demorados e resolvi entrar e aguardar lá dentro. Ao entrar novamente no ônibus e caminhar pelo corredor foi que percebi algo que me deixou bastante surpreso e assustado. Em uma poltrona duas ou três filas atrás de onde eu estava notei uma senhora aparentando trinta anos de idade sentada em uma poltrona com uma criança deitada na poltrona do lado. Tudo seria perfeitamente normal não fosse o esforço da criança na tentativa de chorar. Achei o som um tanto estranho para um choro de criança e sem coragem de me aproximar, sentei no braço de minha poltrona e fiquei imaginando o que poderia estar acontecendo. Alguns minutos se passaram e sem que eu esperasse tornei a ouvir o som que desta vez foi mais alto. Dava-me a impressão de que ali tinha uma criança que estava sufocada por alguma coisa e que por isso não conseguia emitir o som característico do choro. Pensando que talvez a mãe da criança tivesse se descuidando da mesma disfarcei a minha curiosidade e fingi necessidade de ir ao banheiro apenas para passar perto e verificar o que estava havendo. Ao chegar perto da senhora que me cumprimentou com um aceno de cabeça quase não consegui responder tamanha foi minha surpresa. Olã a todos!


(Estou imensamente feliz pelas manifestaçoes positivas a respeito da iniciativa de divulgar este trabalho via blog. Acredito que pode ser um bom caminho para divulgarmos trabalhos sem ter que desembolçar o alto custo da publicaçao de um livro. Agradeço a todos que estão se esforçando para me ajudar neste trabalho. No entanto, como ainda sou um aprendiz nesta ferramenta, estou pedindo ajuda para melhorar esta publicação. Comentem! Dê sujestão! Critique!)

Um abraço a todos!

Ilto

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